Aventura #33 - Perseguir ou ser perseguido?


Em uma manhã fria, num dos dias mais rigorosos do inverno, Merin recebeu em sua sala um homem alto e esguio. Ele havia chego no dia anterior após ter entrado discretamente na cidade. As labaredas estalavam as lascas de madeira na lareira. A luz das chamas e das velas refletiam na máscara que Vekna usava mesmo estando a sós com Merin.

- Vekna não há necessidade de ficar tão alerta aqui no castelo – disse o paladino - e ao mesmo tempo pensava em como a ordem Graal tinha talento em recrutar membros excêntricos.

- Agradeço pela hospitalidade Merin, porém eu prefiro estar vigilante – respondeu Vekna – indo em direção a janela para olhar o pátio do castelo.

Nesse momento Desmond bateu na porta e em seguida entrou, ele atendia ao chamado de Merin. O paladino viu Vekna, porém não perguntou de imediato sobre ele. Merin fez rapidamente as apresentações e então deu a eles uma tarefa que pode ajudar a resolver a situação com Safira e a Floresta Sombria.

Segundo Merin, o reino do Norte, em Arcádia, havia negado enviar fadas para ajudá-los, pois no momento eles estão em conflito com o reino do Sul. No entanto, a rainha Titânia informou que recentemente uma relíquia elfica foi despertada no plano terrestre e, isso fez com que outra relíquia ressoasse sua energia mágica. Sendo assim, ela disse a Merin para ir até a cidade de Elden e pedir ajuda aos elfos da floresta para localizar o artefato.

Vekna, já ciente da situação, queria partir o quanto antes. O mago evitava fica muito tempo no mesmo local, mesmo tendo chego na cidade no dia anterior. Ele quase nunca retirava a máscara e ainda emprestou uma delas para Desmond. Os dois despertavam o olhar dos moradores de Berz enquanto caminhavam a perfumaria para encontrar com Arthas.

Durante toda a manhã Alyan permaneceu na sua casa para analisar os livros de registro do feudo, contratar trabalhadores, falar com fornecedores, entre outros assuntos. Um pouco antes do almoço decidiu ir verificar os trabalhos de reconstrução da igreja. Toda a estrutura de pedra estava refeita, assim como as partes de madeira. No momento os construtores terminavam o telhado. Leon, um homem baixinho e careca, acompanhou o lorde pelo local enquanto explicava o que havia sido feito.

- Lorde Alyan, estamos quase terminando. Depois do telhado vai faltar instalar os vitrais, a parte mais trabalhosa e cara da construção – disse o pequeno engenheiro.

- Está ficando muito bonita a igreja Leon. Quanto ao custos não se preocupe eu particularmente estou empenhado para que tudo fique impecável – disse com um sorriso amarelo ao lembrar do quanto ele teve que contribuir, sem falar no dízimo pago.

Saindo da igreja ele recebeu uma carta de um dos mensageiros da cidade. Na carta o arcebispo Borgia pediu a ele para receber o padre Giorlamo dentro de quinze dias, pois o mesmo chegará na cidade antes do término da igreja. De volta a casa, durante o almoço Alyan só pensava na época que era um simples guerreiro e sua preocupação era sair para fazer algo, ganhar algum dinheiro e beber na taverna com os amigos, bons tempos…



A perfumaria, Rosa de Ouro, funciona como fachada para um dos bordeis da cidade. Ele foi aberto na época que Arthas ficou no comando da cidade, mesmo período em que Merin e os aventureiros passaram em Arcádia (um mês lá foi o equivalente a três meses na terra). Cylen, uma mulher de cabelos longos e confiante, administra o local.

Cylen


Desmond e Vekna foram atendidos por ela. O mago ficou admirado com a beleza da moça, especialmente pelo decote ousado do vestido em tons de vermelho que ela usava. Ao citar o nome de Arthas e insistir ela pediu que eles a acompanhassem. Ao fundo da loja um corredor levava até uma escadaria estreita.

- Desçam as escadas e seguiam o corredor até a seção de perfumes especiais – disse sorrindo maliciosamente.

No final do corredor, ao lado da porta de madeira e ferro reforçado, estava um homem alto. A barba escondia parte do seu rosto, em contraste, as magas curtas da camisa deixava os músculos dos seus braços a mostra.

Brand os cumprimentou e disse para pagar, assim poderiam entrar. Desmond recusou-se e quis forçar a entrada, os ânimos ficaram alterados. A briga foi evitada graças a lábia de Vekna, porém somente ele conseguiu entrar de início, só depois dele falar com Arthas foi que Desmond pode entrar também.

O bordel era composto de várias salas amplas dividas por cortinas de veludo, cetim e seda. Sofás e poltronas ficavam dispostos de modo a formar pequenos ambientes. Nas laterais havia mesas de madeiras com adornos onde os serviçais, desnudos da cintura pra cima, deixavam bebidas e frutas. Apesar do frio ali o clima era ameno. O aroma do ar era uma mistura de incenso, bebida e sexo.

Em outra sala com a mesma ambientação estava Arthas. Ele havia reservado aquele espaço e todos ali estavam vestidos ainda. Vekna se apresentou com um nome falso, em seguida, Desmond o chamou pelo nome verdadeiro.

- Gostei de você – disse apontando para Vekna – você parece estranho, isso é bom. Não gosto de pessoas normais – em seguida riu.

- Quanto ao seu pedido Desmond eu talvez aceite em ir com vocês, faz tempo desde a última vez que socializei com elfos. Porém não prometo nada. Agora chega de trabalho, é hora da diversão. Se quiserem vocês podem ficar.

O paladino agradeceu e disse que não poderia. Vekna ficou, pois ele queria obter informações com as prostitutas sobre a cidade e especificante sobre Valerion, mago do ar da ordem de Luft, o qual é seu desafeto. Essa ordem é dedicada a caminho do ar, usando rituais para comunicação e locomoção, é uma ordem muito unida e tem rivalidade com magos da terra, especialmente da ordem Petros.

Do bordel Desmond foi a taverna porco trovejante. Ele encontrou Tyr e seus capangas conversando em uma das mesas. O ranger com seu mau humor habitual estava resistente, mas aceitou ir afinal sua vida está em risco. Mais tarde, naquele dia, Desmond informou Alyan da missão e assim eles acertaram para partir no dia seguinte.

A noite Vekna saiu para encontrar Cylen na taverna "O cálice dançante". A jovem aceitou o convite do mago durante sua visita a perfumaria. Eles passaram a noite conversando e provando as bebidas exclusivas da taverna, a maioria deles fornecida pelos contrabandos vindos de Basileia sob o comando de Tyr. Ele a acompanhou até em casa no final da noite e arriscou um beijo. Cylen correspondeu e depois entrou.



***

Depois de comerem o desjejum, colocarem os equipamentos e pegarem os suprimentos o grupo reuni-se no portão da cidade. O céu estava nublado e ventava um pouco.

- Vamos partir, já esperamos o suficiente por Arthas. Ele não virá – disse Desmond. Devemos seguir em direção ao sul de Estrosburgo até o Bosque Elden.

Os tons de branco e cinza do inverno cobriam a paisagem. Na estrada poucos viajantes e comerciantes. Eles seguiam em silêncio a maior parte do tempo após as apresentações desconfortáveis do início da viagem. Não era melhor época para viajar a pé, menos ainda para acampar.
No quarto dia de viagem eles chegaram próximo a Estrosburgo e optaram por dar a volta ao invés de entrar na cidade. No dia seguinte, no final da tarde, pararam em Maribor um pequeno vilarejo próximo a divisa dos reinos.



- Finalmente uma refeição e uma noite de sono decentes – exclamou Alyan

A estalagem possuía uma fogueira no centro com alguns bancos e cadeiras, enquanto as mesas ficavam próximas as janelas, Naquela noite um bardo tocava um alaude e cantava algumas canções conhecidas na região. O quarto era pequeno e simples apenas com esteiras no chão, uma mesa e duas cadeiras.

Durante o jantar - carne de javali assada e guisado de legumes – o grupo recuperou o ânimo. Alayn e Tyr bebiam uma cerveja atrás da outra. O ranger logo estava bem bêbado e a ressaca no dia seguinte seria na mesma proporção. Vekna foi até outra mesa onde trẽs homens conversavam sobre Velen. O mago disse que era um contador de histórias e queria saber mais. Ognar, o mais falatrão dos três, contou-lhe que Estrosburgo estavam comentando que Velen agora é conhecida como cidade fantasma. As pessoas desaparecerem sem deixar sinais. Fora isso ele contou da sua luta com um monstro na floresta, fato negado por seus companheiros. Vekna agradeceu e disse que contaria o feito dele em sua história.

Na manhã seguinte eles sairam do vilarejo atravessando as pradarias cobertas de neve em direção do bosque de Elden. Ainda no período matutino eles chegaram ao bosque. Antigos carvalhos sem folhas destacavam-se no branco da neve. Após uma hora de caminhada, num piscar de olhos, eles estavam em um bosque cheia de vida e cores. Rilie, uma fauna, os aguardava. Eles só puderem entrar ali porque estavam sendo aguardados.

Rilie os guiava por uma trilha entre as arvores. O clima era ameno. Logo eles avistaram a grande arvore de Elden, local onde está instalada a cidade élfica de mesmo nome. A parte principal da cidade fica mesclada no interior da arvore enquanto as casas e lojas estão no solo entre as raízes gigantes. Os elfos da floresta são conhecidos por serem unidos a natureza, assim é comum para esse povo moldar o crescimento das plantas de modo a fazerem parte de suas construções.



O grupo foi levado ao topo da arvore, ou seja, depois de subirem muitos degraus da escadaria central. A sala do trono fazia parte da copa, com grandes janelas criadas naturalmente na planta. Visgos e outras plantas menores cresciam pelas paredes, algumas com pequenas flores coloridas. Muitos elfos circulavam por ali. A maioria deles possuía pele bronze com leves tons de verde e cabelos castanhos, suas roupas, em geral, são de couro e peles. Simples e mesmo assim lindas.



Elariel os saudou. Ela é a druida regente desta cidade. Terminadas as formalidades eles tinham autorização para circular por Elden, assim como ficar por alguns dias se quisessem. Sobre a missão eles deveriam procurar Melien na biblioteca.



Meliel é um dos poucos elfos da floresta de Elden dedicado aos estudos arcanos e a biblioteca era sua paixão. A biblioteca parecia um organismo vivo. Cipós e raízes formavam espaços para fixar os livros e pergaminhos, mas estes erma móveis, ficavam em movimento. Do outro lado das estantes vivas ficava o espaço de leitura com as mesas e cadeiras. O bibliotecário dava ordens aos seus ajudantes.



- Meliel? - indagou Desmond

- Sim. Já falo com você – respondeu enquanto bradava outra ordem a um ajudante.

- Então viemos por causa da relíquia élfica…

- Sim, estou ciente – disse o elfo interrompendo o paladino – tenho alguns livros que podem ajudar. Ele fez uns gestos com aos mãos fazendo as prateleiras se moverem.

Antes que pudesse reagir Desmond estava com seis livros nas mãos.

- Vocês sabem ler élfico? Pela sua expressão acho que não… mê dê aqui esses três livros então… vou resumir para vocês.

Em suma, ele contou sobre as trẽs relíquias dos elfos do sol: solar ignea – uma estrela de rubi capaz de conceder controle absoluto do fogo; aegis – capaz de selar qualquer coisa e ogna infinitum – possui poder de controle do tempo. As duas últimas não se sabe o que são e nem se realmente existem.

Os outros livros havia versão em latim e germânico. Vekna leu “O mistério desvendado – a verdade sobre os elfos” por Adrien Novak, um viajante que viveu por anos com um clã de elfos lunares. O livro contava brevemente a origem élfica, embora existam ao menos três teorias acerca do assunto. O assunto principal era as raças élficas, suas aparẽncias, costumes, etc. Dentre elas as principais são elfos do sol (pelo bronze, cabelos loiros ou prata; grandes magos e criadores de artefatos mágicos, desprezam outras raças); elfos da lua (pele clara, cabelos prata, usavam magia para coisas simples, nômades, bardos, tolerantes com não-elfos); elfos da floresta (pele bronze, cabelo castanho, sociáveis com outras raças, embora evitem se misturar, excelentes caçadores, pouco interesse pela magia) e elfos da noite (pelo escura, cabelos brancos, grandes magos, são desconfiados com relação a não-elfos, excelentes arquitetos e artesãos). O livro apenas cita os elfos selvagens sem trazer informações sobre os mesmos.

Desmond leu Elfos do Sol, a Estrela Alva – um dos poucos materiais conhecidos sobre os nobres e arrogantes elfos solares. O documento detalhava mais sua cultura, costumes, política, entre outros assuntos. O terceiro livro intitulado “Peregrinos Eternos” - Findan Locke relatava clãs élficos que deixaram arcádia para viver na terra, especificamente um grupo de elfos do sol. Eles fundaram duas cidades, Mistral e Soren. Ambas não existem mais, foram reduzidas a ruínas durante o conflitos com elfos da noite, humanos e anões há muitos séculos. Nas ruínas de Soren, próxima ao deserto de Nasgash, foi o local onde a relíquia élfica começou a emanar energia.

O grupo passou a tarde na biblioteca, depois de conseguir as informações eles decidiram passar a noite ali. Vekna e Desmond aproveitaram para ver as lojas enquanto Alyan e Tyr bebiam na taverna. O mago conseguiu fazer uma troca com um dos vendedores: um colar de âmbar criado magicamente por um corselete de couro adornado.

Depois do jantar, levemente agridoce, eles foram dormir. Partiram logo após o café, saindo ao sul do bosque. No limite de Elden eles voltaram para o bosque gelado e o verde sumira. Dali o grupo seguiu em direção a estrada, passando pelo vilarejo de Carsten.


As casas de madeira foram construídas ao redor da estrada. Não havia ninguém na rua. Desmond ouviu sons vindos do que parecia ser a taverna. O grupo ficou em alerta. De lá saíram três homens de estatura média e usando roupas simples. Eles cobraram pedágio de 300 florins por pessoa para passarem por ali. Desmond e Alyan recusaram colocando a mão no cabo da espada em tom intimidador. Vekna disse que pagaria, o que diminuiu a eficácia da ameaça dos companheiros. Então Zothar saiu da taberna.



- Vejo que temos um grupo corajoso aqui – disse enquanto caminhava em direção a eles e levantava uma das mãos. Ao seu sinal seis arqueiros apareceram nos telhados das casas próximas.

O grupo partiu para o ataque. Desmond usou sua magia de vento, acelerando sua movimentação para chegar mais rápido próximo aos bandidos. Alyan seguia logo atrás e Vekna começou a preparar um ritual. Tyr mirava em um dos arqueiros. Flechas começaram a voar na direção deles, a maioria foi defendida pelas armaduras e escudos. Vekna defendeu-se com a porção de areia encantada que carrega consigo. A investida continuava e isso deixou os ladrões temerosos. Quando notou a situação Zothar gritou: recuar!!! Antes que pudessem correr o mago conjurou vários braços de terra que os prendeu, inclusive os arqueiros, e em seguida os reuniu no meio da rua. Era o fim para Zothar, mas os demais foram liberados. Investigando a taverna Vekna achou 500 florins escondidos abaixo de um barril.

No dia seguinte eles chegaram no início do deserto. O caminho até as ruínas quase não existia mais, tinha sido engolido pela cordilheira. Se a guindo o mapa dado por Meliel eles pegaram a trilha para a parte elevada até a ponte de madeira entre as duas torres de pedra. Não havia ninguém no local. Para alcançar as ruínas eles tinha que atravessar a ponte. Alyan foi o primeiro a cruzar a ponte de madeira estreita e sem equilíbrio. Quando chegou ao centro ele viu no horizonte uma tempestade de areia se aproximando.


Desmond pediu pra usar uma corda com medida de segurança, fato ignorado pelo guerreiro, mas feito pelos demais. O paladino foi o segundo a atravessar, com um pouco mais de dificuldade porque o vento estava mais forte e fazia o balanço aumentar. Em terceiro foi Tyr e por fim Vekna.
Na metade da travessia a tempestade os alcançou, uma rajada de vento fez a ponte quase virar e o mago ficou pendurado, segurando na corda apenas com uma mão.

Ele tentou usar sua areia encantada para levantá-lo, porém a pressão da situação dificultou sua concentração e ao invés disso ele cortou a corda da ponte com a areia. A lateral cedeu em direção a parede rochas. Por uns segundos ele ficou sem ar devido a pancada. Desmond gritava e puxada a corda na qual Vekna estava preso. Alyan foi ajudar e acabou fazendo o paladino soltar um pouco. Pobre Vekna. A pancada em pleno ar quase o fez perder a consciente. Por fim, o puxaram. E ali permaneceram por algumas horas. Desmond fez uma prece pelo novo companheiro. Tyr apenas assistiu a tudo.

No outro dia havia areia por todo o lado. O céu nublado às vezes releva seu tom de azul. Recuperado, na medida do possível, Vekna encantou as botoas do grupo para andar sobre a areia. Eles passaram por uma estátua gigante, seguindo as antigas ruínas, em direção a cordilheira. Após algumas horas o grupo chegou em uma abertura na montanha e encrustada nela vestígios de construções.



A areia deu lugar a rocha. O caminho central conduzia a uma grande porta de pedra. O chão possuia algumas marcas já desgastadas. Nas laterais havia grandes desfiladeiros, nos quais não dava pra ver o fundo. Antes de alcançarem a porta, Vekna criou uma ponte de terra para que conseguissem atravessar.


A porta de pedra trabalhada em formatos circulares, com entalhes delicados e runas em relevo estava fechada. Vekna reconheceu a runa, havia visto no livro sobre os elfos do sol, que traduzida significa “sacrifício”. Algo devia ser oferecido para abri-la. Ele tocou na porta e sentiu sua energia mágica ser drenada. Desmond também tocou, mas com ele era sua força vital. Alyan tentou tirá-lo e em um movimento errado acabou tocando também. Por fim, Tyr fez o mesmo. Eles dividiram o preço.

A porta abriu-se relevando um corredor amplo com placas de pedras no chão, nas paredes e no teto, iluminado por cristais azuis. O grupo aguardou até recompor as energias antes de explorar o local. Assim eles seguiram pelo corredor até um portal, dali o corredor dividia-se em várias direções.


Parte 2

Antes de iniciarem a exploração das ruínas o grupo foi surpreendido por alguém os chamando, ela veio da porta principal, seguindo pelo corredor em direção a eles. Instintivamente eles se prepararam para atacar.


- Ei, ei… finalmente eu alcancei vocês – disse Lia, uma elfa da floresta.
- Quem é você? Por que está nos seguindo? - indagou Desmond – e em seguida, pediu para pegar as armas delas.
- Calma. Ninguém vai me deixar desarmada. Eu posso explicar.

Lia contou-lhes que de tempos em tempos ela sai em viagens para conhecer novos locais e pessoas, compartilhando saberes sobre a vida e o mundo, especialmente apregoando a harmonia com a natureza. Desmond, Alyan e Tyr ainda não estavam a vontade com a situação. Vekna, apesar de compartilhar da desconfiança dos demais, considerou a possível utilidade da misteriosa elfa uma vez que estavam explorando uma ruína elfica.



Lia foi a frente junto com Vekna. Algumas pegadas, marcadas na poeira que cobria o chão de pedra, conduziam até o corredor central. Dali era possível seguir em frente, a direita e a esquerda. A direita o corredor terminava em um precipício de onde ouvia-se e via-se cachoeiras. Vekna identificou magia indo pela esquerda, porém decidiram explorar o caminho central primeiro.

No meio do corredor um monumento de pedra com uma runa entalhada. Ao lado duas piras, uma acesa e outra apagada. Em a esse local estava o portal para uma sala. Vekna traduziu a runa como a força dos quatro elementos. 


Depois de analisarem a situação eles acenderam a segunda pira, com isso as runas no interior da sala, idênticas a primeira runa, brilharam em vermelho. Usando fogo sobre elas eles destrancaram os baus de pedra que estavam entre as colunas de pedra da pequena sala. Em uma bau estava um colar adornado e no outro moedas de ouro. Ao longo da exploração o grupo ainda encontrará diversos itens élficos, todos remetendo a arvore da vida.



Seguindo pela ruínas eles chegaram a uma parte alagada. O grupo decidiu voltar e explorar o corredor a esquerda, somente Lia seguiu em frente. A água chegava a um metro e meio, a elfa via perfeitamente o ambiente mesmo estando totalmente escuro. Ela foi em direção a sala de onde a corrente de água vinha, encontrou o ponto de entrada em uma das paredes. Foi então que ela ouviu e sentiu movimentos na água. Em seguida, foi atacada por mephits da água. O primeiro ela derrubou com uma flecha, mas quando recuava para a escada, para sair da água, foi atacada por mais quatro criaturas. Um deles mordeu seu ombro. Ferida ela decidiu voltar para o grupo.


Enquanto isso os aventureiros chegaram a outra sala. Esta possuía três monumentos, cada um com uma runa diferente, além de duas alavancas no chão. Sobre as runas eles descobriram o sentido de duas delas, segredo e verdade. Explorando o local também encontraram uma fechadura na qual cabe uma estrela de sete pontas.




A terceira runa, tocada por Vekna, o deixou fraco, mas desativou o primeiro par de estátuas no corredor principal da ruína. Agora as estátuas de guerreiros elfos tinham os braços cruzados sobre o peito ao invés de empunhando uma espada como antes. Foi neste local que eles viram um anão caído no chão antes descobrirem sobre a desativação das estátuas. Depois de analisar o corpo eles notaram que era armadilha mágica e funciona apenas contra seres vivos, também encontraram algumas coroas com o cadáver.



O grupo investigou outras duas salas menores. Ambas totalmente escuras, na primeira Desmond foi em frente segurando a lanterna. Um pouco antes do centro da sala ele viu o chão desmoronando, rochas caindo e poeira subindo.

- Voltem! Rápido!

Lia deu um salto para trás e graças a seu movimento ágil todos conseguiram sair antes que o chão cedesse completamente. Depois do susto Desmond usou a lança para iluminar a outra sala. Ali havia dois baus de pedra sem encantamentos desta vez com uma adaga adornada e moedas de prata.



De volta a sala com as três runas eles puxaram as alavancas. A primeira gerou um ruído de pedras movendo-se em outra parte da ruína, enquanto a segunda abriu uma porta com acesso a outro corredor.

A construção seguia o mesmo padrão, placas de pedra, cristais, monumentos e estátuas. Contudo, neste ambiente, urnas e criptas preenchiam as salas. Aqui o grupo dividiu-se para investigar.



Desmond encontrou um anel adornado no fundo de uma das urnas. Vekna e Lia encontraram dois túmulos de pedra selados por uma runa mágica. Para desativá-las eles precisariam acessar os monumentos na sala final que estava guardada por um elemental de fogo.

Os dois retornaram a outra câmara onde o grupo observava um bau de marfim com cantos arredondados. Lia aproximou-se com cuidado procurando inscrições e sem querer abriu a tampa. Do bau uma nevoa vermelha começou a se espalhar e a encher o ambiente, aos poucos a nevoa ganhou forma humanoide até que finalmente um elfo negro surgiu diante deles.



- Finalmente livre – disse o elfo enquanto olhava para cada um deles.

- Saudações! Nós… - tentou dizer Vekna apenas para ficar prostrado no chão quando Zael fez um movimento com a mão

- Não fale comigo, verme! – exclamou em élfico e visivelmente irritado.

Como recompensa pela sua liberdade ele disse a Lia que a chave de sete pontas estava em um dos túmulos e depois abriu um portal e desapareceu. Nem tiveram tempo da tensão desaparecer, pois a batalha com o elemental logo teve início. 


Alyan e Tyr foram a frente assim que Vekna derrubou a grade ferro. Na primeira investida o ranger e o guerreiro acabaram se atrapalhando devido ao pouco espaço do corredor até chegar no elemental. Isso foi suficiente para receberem um golpe de cima para baixo da criatura, além do impacto fez chamas se espalharem pelo chão e pelas paredes. Os dois se protegeram como puderam evitando queimaduras mais graves.

Vekna conjurou uma lança de pedra e a disparou contra o elemental no momento que ele conjurava um chicote de labaredas. A lança foi se desfazendo até chegar no inimigo, estava difícil de se concentrar quando chamas vinham na sua direção. Lia acertou uma flecha e na sequência desviou do chicote que vinha em linha reta pelo corredor. Vekna defendeu-se com sua areia encantada.

Alayn e Tyr concentraram seus ataques na parte inferior do elemental. A cada golpe recebido as chamas perdiam a intensidade, assim como ele reduzia de tamanho. Mais alguns golpes e queimaduras conduziram a vitória do grupo. Desmond chegou no fim da luta afinal revirar urnas funerárias é trabalhoso. Também pegaram o baú no qual Zael estava preso.


Com os túmulos abertos Vekna encontrou a chave em formato de estrela de sete pontas. No outro túmulo Lia encontrou uma espada elfica, além dessa ela ficou também com o amuleto.




Usando a chave eles encontraram uma passagem secreta por dentro da montanha até sala central, aquela acessível pelo corredor das estátuas encantadas. Ali um esqueleto empalado por duas lanças segurava um machado. A arma emitia uma luz verde que iluminava todo o ambiente.

Vekna pegou o machado. Em seguida soltou, pois era muito pesado. Ao cair no chão a arma quebrou as placas de pedra. Os pedregulhos e poeira começaram então a se aglomerar ao redor no chão sendo imbuídos pelo brilho verde até formar um elemental de terra de quatro metros de altura bem no centro da sala.



Lia e Tyr ficaram próximos a uma das colunas de pedra para atacarem de longe com os arcos. Vekna também manteve distância enquanto Desmond e Alyan partiram para o ataque. O elemental movendo seus grandes braços de rocha tentou esmagar o paladino num único golpe, mas Desmond foi mais rápido e fez um rolamento para lateral. Alyan aproveitou a oportunidade e ficou quase embaixo da criatura desferindo golpes com sua espada mágica.

Os arqueiros miravam no machado no centro do elemental. Lia acertou uma flecha na arma o que fez a energia verde diminuir, na sequência Tyr estava prestes a disparar quando o elemental lançou uma rocha em sua direção. Ele desviou para um lado e Lia para outro, porém a rocha destruiu a coluna deixando o ranger sob os destroços.

Alyan sentia os braços doloridos, assim como seu corpo devido as pancadas defendidas com o escudo. Desmond também movia-se com dificuldade após ser lançado contra uma das paredes.

Quando Alyan acertou um golpe no machado o elemental ergueu os braços e destruiu o teto da sala, Grandes blocos de pedra e poeira começaram a cair sobre eles, começando no centro e indo até as extremidades. Vekna foi o primeiro a notar a situação e concentrando-se movia os maiores blocos de pedra que iriam acertar seus companheiros.

A batalha continuou por mais de uma hora antes de finalmente conseguirem vencer quando Desmond, num golpe de sorte, arremessou a lança com força suficiente para retirar o machado do centro do elemental. Isto fez as pedras que formavam seu corpo caírem. Alyan usou seu escudo para não ser golpeado pelas rochas.

O guerreiro pegou o machado, agora não estava mais pesado. Contudo, após três movimentos feitos com a arma, Alyan notou que o peso aumentava gradativamente. Ele parou e guardou o machado na mochila. Desmond foi até Tyr e fez uma prece. O ranger chegou a desmaiar, porém recobrou a consciência uma pouco antes da batalha terminar.


O cansaço da viagem e das batalhas cobrou seu preço. O grupo retornou até uma das salas na entrada da ruína onde cuidaram das feridas, comeram e descansaram antes de decidir o que fazer em seguida: ir embora ou continuar explorando. Afinal Meliel só disse que há três relíquias dos elfos do sol e seus efeitos, embora suas formas sejam desconhecidas. Será a espada, o machado, o amuleto, o anel ou a adaga a relíquia que eles procuram?

***

Parte 3


Após uma noite de sono intermitente o grupo decidiu investigar as salas inundadas da ruína. Lia notou que o nível da água estava um pouco menor. Vekna concentrou-se e tocou no chão, a compreensão do mago sobre a terra o permitiu sentir as paredes, teto e piso nas partes inexploradas.

Quando o grupo começou a entrar na primeira sala a esquerda, com a água a meio metro, eles ouviram uma voz feminina vindo do corredor logo a frente. Desta vez outra elfa surgiu, chamada Aela. Receosos eles ouviram a história de como ela veio com um grupo de anões, há três dias, explorar as ruínas e acabou abandonada por eles. Ela seguiu com eles até conseguir sair dali devido as criaturas na água.



Lia e Aela foram a frente. O grupo seguiu para uma das salas, ali Lia mergulhou e encontrou dois baus de pedra. Enquanto ela abria o primeiro o grupo foi atacado por mephits. Eles vinham rapidamente saltando e entrada na água. Vekna criou uma estaca de pedra, saindo do chão, que empalou uma das criaturas. O sangue escorregou deixando a água turva. Tyr e Alyan lidavam com vários mephits. Era difícil acertá-los devido a sua velocidade na água. Desmond também lutava om alguns, quando parte deles foi abatido, os mephits sobreviventes dispararam balas de água nas costas do paladino.

Lia retornou a superfície durante a luta. Nos baus ela encontrou moedas élficas e um pergaminho selado magicamente. Vekna achou melhor não abri-lo de imediato. Seguindo para próxima sala, também inundada, eles encontraram mais um monumento com runa élfica. Esta significava agilidade e Lia a ativou. Nos baus havia um broche com entalhes semelhantes as outras peças encontradas.



Depois de investigarem Desmond colocou um pouco de água em uma fonte seca que havia no local, seguindo a mesma lógica usada na sala com as piras de fogo. Então no centro do salão a maior parte da água se aglomerou e formou um elemental da água.



Tyr, Vekna e Alyan estavam próximos ao elemental, enquanto os demais ficaram na plataforma com a fonte. Desmond foi em direção a criatura. Com o nível da água mais baixo a dificuldade de locomoção era menor.

Flechas de Lia voavam na direção do elemental, assim como os golpes dos guerreiros mais próximos atravessavam o corpo d’água. Aela tocava o alaúde e a harmonia concedia a eles um espirito de luta.

No contra-ataque, o elemental criou uma onda, partindo do centro para fora, de dois metros de altura. A queda da onda teve um impacto violento sobre o grupo, tendo arremessado contra a parede aqueles que estavam na plataforma.

Agora Aela mudou a canção para fortalecer os corpos e sarar as feridas dos companheiros. Vekna lançou uma magia para remover um bloco de pedra do teto e deixá-lo cair sobre o elemental. Enquanto o mago fazia esse ritual, Alyan e Desmond ataquem, defendiam e esquivavam no combate corpo a corpo. A água deixava as armaduras geladas, às vezes atrapalha a visão. No último momento eles se afastaram quando o mago gritou, então, em seguida o elemental foi esmagado pela rocha, fazendo a água voltar ao nível anterior.

Eles saíram das ruínas no início da tarde levando os diversos itens élficos e também o baú do qual surgiu o elfo da noite. Da entrada das ruínas até a ponte sobre o desfiladeiro eles não encontraram ninguém, apenas areia, lagartos e serpentes. No final da tarde montaram acampamento em uma das torres, no dia seguinte iriam seguir a trilha em busca de algum caminho para descer já que atravessar estava fora de cogitação.

A pequena fogueira aquecia e iluminada as paredes rochosas da torre. Ali eles comeram as porções finais dos suprimentos ou pelo menos o que restou de passarem dois dias nas ruínas tão cheia de umidade.

- Eu serei o primeiro a ficar de vigia – disse Desmond – enquanto Lia e Aela dirigiam-se para o topo da torre para meditar. Aela deixou com o paladino os itens élficos, exceto o amuleto.

No alto da torre era possível ver o céu estrelado. Em certo momento Aela iniciou uma conversa sobre como e por que ela estava com esse grupo de humanos e sobre o destino das relíquias élficas. O grupo pretende retornar a Elden para saber mais sobre os objetos.

Durante o turno do ranger Aela saiu da torre e voltou apenas horas depois, porém ele não se lembrou disso. Após o desjejum o grupo seguiu a trilha. Do lado esquerdo erguia-se altas paredes de rochas e do esquerdo, a poucos metros, estava a borda do desfiladeiro.

Depois de uma hora de caminhada, antes de chegarem a uma pequena ponte de madeira, eles foram abordados por um elfo alto, com pele escura e cabelos prata. Ele foi direto ao ponto e pediu que entregassem a relíquia, apontando para o machado quando Vekna perguntou qual era.

O elfo sacou a espada diante da negativa. Ele tocou com a ponta dela no chão, formando um circulo negro por um raio de três metros. Alayn, Desmond e Lia (usando todas as relíquias) estavam na linha de frente, seguido por Vekna e Tyr e por último Aela.



Vekna conjurou uma estaca de pedra, saindo do chão em direção ao elfo. A estaca foi destruída por tentáculos de sombra que saíram do círculo. Na sequência ele foi atacado por Tyr, sendo controlado por Aela, a magia de proteção de Vekna segurava os golpes de Tyr, porém dificultava que ele realizasse seus rituais.

Lia concentrou-se, sentiu a força das linhas de energia Ley percorrendo cada item e seu corpo. Então ela sacou a espada e o machado, num movimento de x, lançou uma rajada de energia verde em direção ao elfo. Alyan por pouco não foi atingido. O disparo rompeu o circulo de sombra e foi dividido em duas partes ao ser defendida com a espada pelo guerreiro misterioso.

A sua espada estava envolta em sombras, assim como seu corpo. Então ele revidou, disparando uma esfera negra na direção de Lia. Ela defendeu com o machado, redirecionando a esfera para as rochas que foram imediatamente pulverizadas, fazendo chover pó no campo de batalha.

Considerando a situação Desmond foi atrás de Aela e Alyan decidiu parar Tyr enquanto Lia lidava com o inimigo. A batalha seguia e tomou grandes proporções. O nível de magia e dos golpes não era comum. Lia sentia-se forte e ao mesmo tempo sabia que ao final tal poder cobraria o preço.



Fandal desfez o círculo do chão e saltou no ar quando Lia disparou novamente. Na sequência ela saltou e eles trocaram golpes com a espada, dando a chance de ela acertá-lo com o machado. O corte não foi profundo, porém ele caiu rapidamente no chão, o impacto foi tão forte que causou rachaduras. As sombras sobre o seu corpo reuniram-se formando um espectro negro com a mesma aparência do elfo. O espectro prepara-se para receber o golpe de Lia que vinha “caindo” pelo ar.



Alyan imobilizou Tyr. O ranger estava confuso e fora de combate por algum tempo. Desmond chegou em Aela, a elfa usou uma bomba de fumaça e tentou ataca-lo no ponto cego. Os sentidos aguçados do paladino previram o ataque, mas no último momento ela o perfurou com uma adaga envenenada. Vekna, agora livre, lançou outra magia. Ele criou uma estaca de pedra que perfurou Fandal, um grito de dor e raiva ecoou no campo de batalha.



Lia destruiu a estaca com um golpe, contudo ela acertou a sombra. O elfo trocou de lugar com o espectro. Agora as espadas soltaram faíscas e rajadas de energia negra e verde que destruíram tudo ao redor. Com a outra mão o elfo segurava o machado, impedindo Lia de usá-lo. O choque das energias era violento, o chão vibrava e poeira subia.

Desmond revistou o corpo de Aela, ele encontrou brincos élficos. Sentindo o efeito do veneno paralisar seu corpo, ele foi com dificuldade tentar leva-los a Lia. Alyan o ajudou, Tyr e Vekna vinham logo em seguida.

O choque das energias empurrou Lia de volta para o ar, com isso ele desceu mais uma vez usando as duas armas, com um meteoro verde incandescente, cortando no ar rajadas de energia escura lançadas pelo elfo.

O chão cedeu e ambos caíram entre as rochas. A cratera criada tinha cinco metros de profundidade. Quando a poeira baixou o grupo estava na lateral. Lia ao centro olhava ao redor procurando o inimigo. Ela estava ofegante, as relíquias brilhavam um pouco menos. Desmond jogou para ela os brincos que caíram entre as rochas, ela os procurava quando Fandal apareceu na outra extremidade da cratera. O elfo estava machucado e sangrando.

Lia achou e colocou os brincos antes de partir para o ataque final. Antes disso, Elok, outro elfo da noite, apareceu ao lado de Fandal. 



- Ora me fazendo vir para o campo de batalha – que vergonha Fandal. Bom, me entreguem a relíquia e encerramos esse assunto por aqui, que tal?

- Nem pensar – bradou Lia – agora vamos até o fim.

- Que criança imprudente... - disse o elfo, para em seguida apareceu atrás de Lia, pegar os brincos, e voltar para o mesmo local – mostre algum respeito! O elfo tele portou-se num piscar de olhos.

Desmond usou o restante de suas forças e abriu o portal para arcádia usando o anel arcadiano dado a ele pare corte Seliee. Os demais chamaram Lia. Ela chegou a tempo de entrar no portal com o grupo.
Assim, eles foram para arcádia. Deixaram para trás os inimigos e o baú.

Continua...

O que os espera em Arcádia? Quem eram aqueles elfos? Qual a importância dessas relíquias? Esse poder será suficiente para derrotar Safira? E a maldição de Tyr, o fim do ranger está próximo?

Parte 4 continua na Aventura#34 - Guerra em Nova Arcádia
 

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